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6 campanhas que mudaram a moda


Na era do zapping visual, onde as imagens duram o tempo de um scroll e as marcas competem por segundos de atenção, uma campanha poderosa é mais do que um bom anúncio: é um manifesto visual. A seguir, analisamos seis campanhas que não só venderam roupas, mas redefiniram o que significa olhar, desejar e pertencer. Isto não é um ranking. É uma análise de impacto, ruptura e significado.


ÍNDICE:



1. Calvin Klein – "Nothing comes between me and my Calvins" (1981)



Campanha publicitária Calvin Klein (1981). Brooke Shields
Campanha publicitária Calvin Klein (1981). Brooke Shields

Modelo: Brooke Shields | Fotógrafo: Richard Avedon


Por que foi impactante: Com apenas 15 anos, Brooke Shields apareceu olhando diretamente para a câmera com uma frase que hoje seria impensável em qualquer briefing: “Sabe o que existe entre eu e meus Calvins? Nada.” A campanha provocou uma onda de críticas pela sexualização de uma menor, mas também alcançou uma notoriedade sem precedentes.


Visualidade: Minimalismo extremo. Brooke Shields diante de um fundo neutro. Olhar direto. Frase carregada de significado. Toda a imagem transmite ambiguidade. Não há ação, mas há tensão. A sexualidade não é mostrada explicitamente: está sugerida. E isso a tornou inesquecível.


Análise: Transformou um jeans em símbolo erótico. O corpo não era o produto, mas sim o meio. O rosto de Shields, entre ingenuidade e provocação, construiu uma nova forma de desejo publicitário.


O que teve de especial:

  • Quebrou tabus, para o bem ou para o mal.

  • Colocou no centro da mensagem não a peça, mas a atitude.

  • Elevou o jeans a objeto de desejo sexual.


O que conseguiu:

  • As vendas dobraram em uma semana.

  • Calvin Klein passou de designer promissor a ícone cultural.

  • O anúncio foi proibido em várias emissoras… e isso foi o melhor marketing.


Curiosidades:

  • Avedon usou uma abordagem minimalista deliberada para reforçar a mensagem.

  • Shields não usou roupa íntima durante as filmagens. Ela confirmou isso anos depois.


Opinião: Foi provocação ou exploração? Ambas. Mas, acima de tudo, uma demonstração de como uma imagem sem ornamentos pode conter uma bomba simbólica.


2. Benetton – "Unhate" (2011)


"Unhate". Campanha publicitária da United Colors of Benetton (2011)
"Unhate". Campanha publicitária da United Colors of Benetton (2011)

Agência: Fabrica | Direção criativa: Alessandro Benetton


Por que foi impactante: A Benetton sempre foi sinônimo de controvérsia, mas nesta campanha superou todas as expectativas: líderes mundiais se beijando na boca. Obama e Chávez. O Papa e um imã egípcio. A imagem não vendia roupas, vendia uma postura política.


Visualidade: Estética fotojornalística. Cores planas. Enquadramentos clássicos. O impactante não era como era mostrado, mas o que era mostrado: o beijo impossível. Papa e líder islâmico. Obama e Chávez. Não parecia publicidade. E esse foi seu poder.


Análise: Ao eliminar o produto, a Benetton colocou sua marca no terreno do discurso. Esta foi uma campanha de storytelling puro, onde a imagem substituiu o logotipo.


O que teve de especial:

  • Supressão total do produto.

  • Narrativa fotojornalística, não comercial.

  • Uso de deepfakes antes de serem mainstream.


O que conseguiu:

  • Prêmios em Cannes Lions.

  • Uma denúncia do Vaticano.

  • Viralidade global sem precedentes para uma marca de roupas.


Curiosidades:

  • As imagens eram composições digitais muito avançadas para a época.

  • A campanha foi retirada após 48 horas por pressão diplomática, mas já havia cumprido seu propósito.



3. Gucci – "The Fall Winter 2018 Campaign: The Collectors"


"The Collectors". Campanha publicitária Gucci outono-inverno (2018)
"The Collectors". Campanha publicitária Gucci outono-inverno (2018)

Direção criativa: Alessandro Michele | Fotógrafo: Glen Luchford


Por que foi impactante: A Gucci apresentou sua coleção como parte de uma exposição de objetos estranhos. Inspirada em colecionadores obsessivos e no kitsch, a campanha apostou em uma estética carregada, quase barroca, que rompeu com o minimalismo predominante.


Visualidade: Barroco contemporâneo. Cenários saturados, personagens excêntricos, paletas cromáticas delirantes. Cada imagem era uma pintura. Nada pedia permissão.


Análise: A Gucci rompeu com o padrão da beleza homogênea. Aqui, o feio, o estranho e o kitsch eram celebrados. A campanha abraçava o dissonante como estética própria.


O que teve de especial:

  • Narrativa cinematográfica fragmentada.

  • Cenários carregados, à beira do caos visual.

  • Elenco inclusivo e eclético.


O que conseguiu:

  • Consolidar Michele como renovador total do imaginário Gucci.

  • Atrair um público jovem que valoriza a excentricidade.

  • Influenciar a direção criativa de outras casas (incluindo Balenciaga).


Curiosidades:

  • As fotos foram inspiradas em colecionadores reais, como o do Museu de Objetos Médicos Anômalos.

  • Não foram usados retoques nas poses nem nos corpos.



4. Dior – "J’adore" con Charlize Theron (2004-Atualidade)


Anuncio publicitario del perfume J'adore de Dior. Charlize Theron. Mujer rubia con vestido dorado dentro de un palacio dorado
Anúncio publicitário do perfume J’adore da Dior. Charlize Theron


Visualidade: Charlize Theron banhada em ouro. Passos lentos. Corpo escultural. Palácio de Versalhes. Cada plano é uma promessa: se você cheira isso, brilha assim.


Análise: Poucas campanhas foram tão consistentes em sua linguagem visual durante duas décadas. Dior apostou na continuidade como estratégia estética.


Por que foi impactante: Uma campanha que não mudou em 20 anos e continua funcionando. Charlize Theron, banhada em ouro líquido, caminhando sozinha no Palácio de Versalhes. Pura opulência, luxo atemporal e feminilidade empoderada.


O que teve de especial:

  • Uso sofisticado do slow motion e CGI na época.

  • Um único rosto durante duas décadas: coerência extrema da marca.

  • Quase nenhum diálogo. Apenas corpo, ouro e poder.


O que conseguiu:

  • Tornar J’adore o perfume mais vendido da Dior.

  • Manter uma identidade visual coerente durante 20 anos.

  • Associar luxo à autossuficiência feminina.


Curiosidades:

  • Cada nova versão do comercial é filmada em Versalhes ou recriada digitalmente.

  • Theron recebe entre 3 e 5 milhões por renovação de contrato.


Referência: Charlize Theron for J’adore – História visual


5. Diesel – "Be Stupid" (2010)


Campaña pùblicitarioa DIESEL
"Be Stupid". Campanha publicitária da Diesel (2010)

Agência: Anomaly | Diretor: Melina Matsoukas


Visualidade: Imagens que parecem tiradas de festas adolescentes: câmeras quebradas, saltos absurdos, gestos desafiadores. Estética amadora com direção milimétrica.


Análise: Esta campanha foi uma resposta direta à era do cálculo e do branding obsessivo. Valorizou o erro, a atrapalhação, o impulso.


Por que foi impactante: Lançou um manifesto contra a lógica. Premiou a estupidez como sinônimo de atrevimento. Pessoas fazendo loucuras, desafiando normas, provocando.


O que teve de especial:

  • Copywriting agressivo e contracultural.

  • Estética punk-pop e filtros analógicos.

  • Mensagem anti-intelectual em uma era de excesso de racionalidade.


O que conseguiu:

  • Prêmio Grand Prix em Cannes.

  • Aumento de 15% na notoriedade da marca.

  • Uma comunidade de fãs que se sentiam “fora do sistema”.


Curiosidades:

  • As frases foram impressas como cartazes ilegais em cidades-chave.

  • Gerou imitações de fãs que postavam seus próprios "momentos estúpidos".


Referencia: Estudo de Caso da Campanha “Be Stupid” da Diesel



6. Balenciaga – Campanha FW 2022 "The Mud Show"


"The Mud Show". Pasarela de Balenciaga (2022), Chica con un vestido amarillo andando sobre barro
"The Mud Show". Passarela da Balenciaga (2022)

Diretor criativo: Demna Gvasalia | Fotografía: Daniel Roché


Visualidade: Passarela coberta de barro. Tempestade artificial. Modelos cobertos de água, terra e expressão gelada. Era mais uma instalação artística do que um desfile.


Análise: Demna transformou a moda em um ato de resistência. O barro como símbolo do mundo pós-crise. A estética do colapso como forma de protesto.


Por que foi impactante: Modelos caminhando em um lamaçal no meio de uma tempestade. A destruição elevada à estética. O barro como metáfora da crise (pós-Covid, guerra, colapso climático).


O que teve de especial:

  • Localização como declaração política.

  • Narrativa distópica não verbal.

  • Não vendia glamour, mas resistência.


O que conseguiu:

  • Debate global sobre os limites do luxo.

  • Editorial e réplicas visuais em mídias de arte contemporânea.

  • Redefinição do fashion show como performance crítica.


Curiosidades:

  • Kanye West abriu o desfile como modelo inesperado.

  • O barro foi trazido dos Pireneus e tratado para se manter úmido durante todo o evento.


Referência: Balenciaga FW22: O desfile que transformou barro em arte.


Reflexão final: quando uma imagem não só veste


Estas campanhas nos lembram que a moda é mais do que produto: é ideologia visual. E que cada fotografia é uma construção cultural carregada de decisões, intenções e poder.


Em um momento em que muitas marcas confundem imagem com conteúdo, estas seis campanhas continuam relevantes porque não só mostraram. Disseram. Questionaram. Quebraram barreiras.

E você, está pensando nas suas imagens ou só está preenchendo o feed? Se você quer imagens impactantes dos seus produtos, entre em contato conosco.


Conhece alguma campanha impactante que não esteja nesta lista?


Quer que a analisemos no próximo artigo? Conte para nós nos comentários ou escreva diretamente. Estamos reunindo as campanhas mais icônicas e inovadoras que marcaram época. Sua sugestão pode ser a próxima a aparecer aqui.




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