6 campanhas que mudaram a moda
- Fotoprostudio
- 20 de out.
- 6 min de leitura
Na era do zapping visual, onde as imagens duram o tempo de um scroll e as marcas competem por segundos de atenção, uma campanha poderosa é mais do que um bom anúncio: é um manifesto visual. A seguir, analisamos seis campanhas que não só venderam roupas, mas redefiniram o que significa olhar, desejar e pertencer. Isto não é um ranking. É uma análise de impacto, ruptura e significado.
ÍNDICE:
1. Calvin Klein – "Nothing comes between me and my Calvins" (1981)

Modelo: Brooke Shields | Fotógrafo: Richard Avedon
Por que foi impactante: Com apenas 15 anos, Brooke Shields apareceu olhando diretamente para a câmera com uma frase que hoje seria impensável em qualquer briefing: “Sabe o que existe entre eu e meus Calvins? Nada.” A campanha provocou uma onda de críticas pela sexualização de uma menor, mas também alcançou uma notoriedade sem precedentes.
Visualidade: Minimalismo extremo. Brooke Shields diante de um fundo neutro. Olhar direto. Frase carregada de significado. Toda a imagem transmite ambiguidade. Não há ação, mas há tensão. A sexualidade não é mostrada explicitamente: está sugerida. E isso a tornou inesquecível.
Análise: Transformou um jeans em símbolo erótico. O corpo não era o produto, mas sim o meio. O rosto de Shields, entre ingenuidade e provocação, construiu uma nova forma de desejo publicitário.
O que teve de especial:
Quebrou tabus, para o bem ou para o mal.
Colocou no centro da mensagem não a peça, mas a atitude.
Elevou o jeans a objeto de desejo sexual.
O que conseguiu:
As vendas dobraram em uma semana.
Calvin Klein passou de designer promissor a ícone cultural.
O anúncio foi proibido em várias emissoras… e isso foi o melhor marketing.
Curiosidades:
Avedon usou uma abordagem minimalista deliberada para reforçar a mensagem.
Shields não usou roupa íntima durante as filmagens. Ela confirmou isso anos depois.
Opinião: Foi provocação ou exploração? Ambas. Mas, acima de tudo, uma demonstração de como uma imagem sem ornamentos pode conter uma bomba simbólica.
2. Benetton – "Unhate" (2011)

Agência: Fabrica | Direção criativa: Alessandro Benetton
Por que foi impactante: A Benetton sempre foi sinônimo de controvérsia, mas nesta campanha superou todas as expectativas: líderes mundiais se beijando na boca. Obama e Chávez. O Papa e um imã egípcio. A imagem não vendia roupas, vendia uma postura política.
Visualidade: Estética fotojornalística. Cores planas. Enquadramentos clássicos. O impactante não era como era mostrado, mas o que era mostrado: o beijo impossível. Papa e líder islâmico. Obama e Chávez. Não parecia publicidade. E esse foi seu poder.
Análise: Ao eliminar o produto, a Benetton colocou sua marca no terreno do discurso. Esta foi uma campanha de storytelling puro, onde a imagem substituiu o logotipo.
O que teve de especial:
Supressão total do produto.
Narrativa fotojornalística, não comercial.
Uso de deepfakes antes de serem mainstream.
O que conseguiu:
Prêmios em Cannes Lions.
Uma denúncia do Vaticano.
Viralidade global sem precedentes para uma marca de roupas.
Curiosidades:
As imagens eram composições digitais muito avançadas para a época.
A campanha foi retirada após 48 horas por pressão diplomática, mas já havia cumprido seu propósito.
Referência: UNHATE Foundation - Benetton Group
3. Gucci – "The Fall Winter 2018 Campaign: The Collectors"

Direção criativa: Alessandro Michele | Fotógrafo: Glen Luchford
Por que foi impactante: A Gucci apresentou sua coleção como parte de uma exposição de objetos estranhos. Inspirada em colecionadores obsessivos e no kitsch, a campanha apostou em uma estética carregada, quase barroca, que rompeu com o minimalismo predominante.
Visualidade: Barroco contemporâneo. Cenários saturados, personagens excêntricos, paletas cromáticas delirantes. Cada imagem era uma pintura. Nada pedia permissão.
Análise: A Gucci rompeu com o padrão da beleza homogênea. Aqui, o feio, o estranho e o kitsch eram celebrados. A campanha abraçava o dissonante como estética própria.
O que teve de especial:
Narrativa cinematográfica fragmentada.
Cenários carregados, à beira do caos visual.
Elenco inclusivo e eclético.
O que conseguiu:
Consolidar Michele como renovador total do imaginário Gucci.
Atrair um público jovem que valoriza a excentricidade.
Influenciar a direção criativa de outras casas (incluindo Balenciaga).
Curiosidades:
As fotos foram inspiradas em colecionadores reais, como o do Museu de Objetos Médicos Anômalos.
Não foram usados retoques nas poses nem nos corpos.
Referência: Gucci Campaigns Archive
4. Dior – "J’adore" con Charlize Theron (2004-Atualidade)

Diretor: Jean-Baptiste Mondino
Visualidade: Charlize Theron banhada em ouro. Passos lentos. Corpo escultural. Palácio de Versalhes. Cada plano é uma promessa: se você cheira isso, brilha assim.
Análise: Poucas campanhas foram tão consistentes em sua linguagem visual durante duas décadas. Dior apostou na continuidade como estratégia estética.
Por que foi impactante: Uma campanha que não mudou em 20 anos e continua funcionando. Charlize Theron, banhada em ouro líquido, caminhando sozinha no Palácio de Versalhes. Pura opulência, luxo atemporal e feminilidade empoderada.
O que teve de especial:
Uso sofisticado do slow motion e CGI na época.
Um único rosto durante duas décadas: coerência extrema da marca.
Quase nenhum diálogo. Apenas corpo, ouro e poder.
O que conseguiu:
Tornar J’adore o perfume mais vendido da Dior.
Manter uma identidade visual coerente durante 20 anos.
Associar luxo à autossuficiência feminina.
Curiosidades:
Cada nova versão do comercial é filmada em Versalhes ou recriada digitalmente.
Theron recebe entre 3 e 5 milhões por renovação de contrato.
Referência: Charlize Theron for J’adore – História visual
5. Diesel – "Be Stupid" (2010)

Agência: Anomaly | Diretor: Melina Matsoukas
Visualidade: Imagens que parecem tiradas de festas adolescentes: câmeras quebradas, saltos absurdos, gestos desafiadores. Estética amadora com direção milimétrica.
Análise: Esta campanha foi uma resposta direta à era do cálculo e do branding obsessivo. Valorizou o erro, a atrapalhação, o impulso.
Por que foi impactante: Lançou um manifesto contra a lógica. Premiou a estupidez como sinônimo de atrevimento. Pessoas fazendo loucuras, desafiando normas, provocando.
O que teve de especial:
Copywriting agressivo e contracultural.
Estética punk-pop e filtros analógicos.
Mensagem anti-intelectual em uma era de excesso de racionalidade.
O que conseguiu:
Prêmio Grand Prix em Cannes.
Aumento de 15% na notoriedade da marca.
Uma comunidade de fãs que se sentiam “fora do sistema”.
Curiosidades:
As frases foram impressas como cartazes ilegais em cidades-chave.
Gerou imitações de fãs que postavam seus próprios "momentos estúpidos".
Referencia: Estudo de Caso da Campanha “Be Stupid” da Diesel
6. Balenciaga – Campanha FW 2022 "The Mud Show"

Diretor criativo: Demna Gvasalia | Fotografía: Daniel Roché
Visualidade: Passarela coberta de barro. Tempestade artificial. Modelos cobertos de água, terra e expressão gelada. Era mais uma instalação artística do que um desfile.
Análise: Demna transformou a moda em um ato de resistência. O barro como símbolo do mundo pós-crise. A estética do colapso como forma de protesto.
Por que foi impactante: Modelos caminhando em um lamaçal no meio de uma tempestade. A destruição elevada à estética. O barro como metáfora da crise (pós-Covid, guerra, colapso climático).
O que teve de especial:
Localização como declaração política.
Narrativa distópica não verbal.
Não vendia glamour, mas resistência.
O que conseguiu:
Debate global sobre os limites do luxo.
Editorial e réplicas visuais em mídias de arte contemporânea.
Redefinição do fashion show como performance crítica.
Curiosidades:
Kanye West abriu o desfile como modelo inesperado.
O barro foi trazido dos Pireneus e tratado para se manter úmido durante todo o evento.
Referência: Balenciaga FW22: O desfile que transformou barro em arte.
Reflexão final: quando uma imagem não só veste
Estas campanhas nos lembram que a moda é mais do que produto: é ideologia visual. E que cada fotografia é uma construção cultural carregada de decisões, intenções e poder.
Em um momento em que muitas marcas confundem imagem com conteúdo, estas seis campanhas continuam relevantes porque não só mostraram. Disseram. Questionaram. Quebraram barreiras.
E você, está pensando nas suas imagens ou só está preenchendo o feed? Se você quer imagens impactantes dos seus produtos, entre em contato conosco.
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